sábado, 14 de maio de 2011

IMOBILIARIA DO PRESENTE

 

Instituto IBEI, Melissa Mendonça, Gerente de MKT da Metaimob – Ferramentas para Gestão Imobiliária

Uma das características do mercado imobiliário é a infidelidade dos clientes. Todo corretor sabe que o cliente levanta da sua cadeira e vai sentar-se na cadeira do seu concorrente. Não que ele não confie em você, mas a seriedade do negócio exige que ele esgote as alternativas em busca da certeza do melhor investimento. Afinal de contas, a escolha de um lugar onde ele pode vir a passar o resto da vida tem que ser bem feita.
Imobiliárias inteligentes, como já disse o consultor imobiliário Carlos Alceu Machado, reconhecem que a qualidade das suas relações sociais representa uma rica carteira de clientes. O chamado 'networking' de agora. Quanto mais negócios bons você fizer, melhores indicações vai receber. Claro que os clientes não vêm só daí. Até porque todo bom corretor tem como principal característica a empatia e sorriso largo no rosto. Mas rostinhos bonitos nem sempre fecham vendas. A pergunta é: a sua imobiliária está preparada para dar conta dessas indicações e ainda atender a fila da sala de espera?
De nada adianta ter um potencial cliente disposto a investir alto na aquisição do seu novo lar, se você não transmite confiança, seriedade e evolução. Confiança e seriedade todo mundo mais ou menos sabe como transmitir. Mas evolução? Vou arriscar fazer negócio com uma imobiliária que desde 1902 carrega a mesma cara? Eu não faria! O mercado evoluiu e ela não acompanhou. O dono não reviu os processos de gestão e a marca carrega um único valor empoeirado: tempo. Sobreviveu. Ótimo, mas não cresceu.
Vamos imaginar um exemplo prático: o seu colega médico do futebol da terça à noite andou acompanhando o boom do setor imobiliário e está pensando em fazer um investimento. Porque você acha que ele vai fazer essa aplicação na sua imobiliária, se você ainda anda com aquela velha agenda de contatos debaixo do braço e esqueceu-se de renovar o estoque de cartões de visita – e por isso nunca tem um na carteira? E se ainda assim ele lhe der crédito e for até você em busca de informações consistentes sobre riscos de investimento, melhores produtos, localização do imóvel, liquidez, você vai deixá-lo sair com uma folha de papel rabiscada? Pior: se ele o visitar on-line, irá encontrar um site minimamente decente, com dados atualizados e valores em reais? (Lembre-se de que a maioria absoluta das pessoas não têm idéia do que seja um CUB nem de quanto ele valha).
Afinal de contas, ele é médico e não corretor de imóveis! Não bastando, assim que ele virar as costas você esquece 70% do que foi dito e, se tiver sorte, vai anotar os 30% que ainda lembra naqueles 'risque-rabisques' cheio de números de telefones (que você também não lembra mais de quem são), que fica debaixo do teclado do seu computador.
Se essa é a sua realidade, você acaba de perder esse cliente para o amigo que joga tênis com ele na quinta à noite, que também é corretor de imóveis, formado há apenas dois anos, que carrega não só o seu cartão de visitas como um netbook básico com acesso ao site da imobiliária, com todos os imóveis atualizados (inclusive os lançamentos), com um relatório mensal sobre os melhores imóveis para investidores segmentados por bairro, número de dormitórios e até grau de chatice da vizinhança! Lá se foram os seus 6% de comissão, meu amigo. E não é porque você seja um mau corretor. Mas ele é mais ágil. Pensa mais rápido porque tem ferramentas prá isso. No fim das contas, você poderia chegar à mesma conclusão sobre o melhor investimento para o amigo médico. Mas ele o fez primeiro e agendou a visita ao imóvel ali mesmo, na quadra. Foi só acessar o sistema da imobiliária e solicitar a reserva das chaves para a manhã seguinte, sem correr o risco de ter que dizer que a chave foi "emprestada".
Quer trocar de lugar com o colega do tênis? Reveja seus conceitos sobre investimentos. Invista em EVOLUÇÃO e continue sério e confiável. Só que mais rápido e mais inteligente. Essas são as imobiliárias do presente. Porque as do futuro farão muito mais!
Acredite: a sua larga experiência de mercado, aliada às novas tecnologias de inteligência e informação, não só vão encher sua empresa de novos e rentáveis negócios, como podem até fazer chover. Mas é você quem vai decidir se quer que chova ou não!

terça-feira, 10 de maio de 2011

NOVA REGRAS MINHA CASA MINHA VIDA

 POR InfoMoney, Camila F. de Mendonça

As novas regras para a segunda etapa do programa habitacional do Governo, Minha Casa, Minha Vida, devem ser votadas nesta terça-feira (10) pelo plenário do Senado. A Medida Provisória 514/10 foi publicada no mês passado pelo Governo e deve passar pelo Congresso Nacional para vigorar. A medida já foi aprovada pela Câmara dos Deputados e é a primeira que consta na ordem do dia do Senado.

Transformada em projeto de lei de conversão PLV 10/11, a MP estabelece novas diretrizes para que os beneficiários possam participar do programa e amplia investimentos. Uma das principais mudanças diz respeito à renda que as famílias devem ter para participar do programa, que será fixada em valores nominais. Agora, o limite de renda para ter a casa financiada pelo programa é de R$ 4.650.

A ideia, de acordo com o relator da medida provisória na Câmara, deputado André Vargas (PT-PR), é privilegiar as famílias de baixa renda. Para o economista-chefe do Secovi-SP (Sindicato de Habitação de São Paulo), Celso Petrucci, essa mudança tem o objetivo de dar mais espaço às famílias de baixa renda. "Com isso, retira-se a possibilidade da classe média de se beneficiar com o programa", afirma.

A mudança foi estabelecida pela Câmara dos Deputados quando da votação da matéria do Executivo. Petrucci explica que, com esse congelamento, o Governo excluiria a faixa de renda que vai dos R$ 4.650 propostos aos R$ 5.450. "Se de fato for essa a proposta, não só é ruim como vai diminuir o número de beneficiários do programa", afirma.

Outra mudança é que agora o programa beneficiará prioritariamente as mulheres chefes de família. E para participarem do programa, elas não precisarão mais da assinatura do cônjuge no contrato de financiamento. Para serem contempladas, a renda da família dessas mulheres não pode ultrapassar os R$ 1.395. Outra prioridade do programa é atender as famílias residentes em áreas de risco.

No Senado, o relator é o senador Waldemir Moka (PMDB-MS), de acordo com a Agência Senado.

Subsídio
Mutuários com renda de até R$ 2.790 por mês poderão ser subsidiados pela União. O benefício será concedido uma única vez, por imóvel e por beneficiário. O Governo ainda realizará oferta pública para destinar recursos para subsidiar moradores que vivem em municípios com população de até 50 mil habitantes. Ao todo, devem ser beneficiados cerca de 228 municípios.

Para implementar a nova etapa do programa, devem ser destinados cerca de R$ 16,5 bilhões por meio do FAR (Fundo de Arrendamento Residencial). Antes, o valor era de R$ 14 bilhões. Além disso, a MP permite que a União transfira recursos no valor de R$ 500 milhões para o FDS (Fundo de Desenvolvimento Social).

A nova etapa do programa prevê a construção e reforma de dois milhões de imóveis até 2014. Desse total, ao menos 220 mil serão produzidos por meio de concessão de subsídios.

Casas sustentáveis
Pelas novas regras, o programa poderá destinar recursos para aquisição e instalação de equipamentos de energia solar ou que contribuam para a redução do consumo de água em moradias. No caso de empreendimentos com recursos do FAR (Fundo de Arrendamento Residencial), poderão também ser financiados equipamentos de educação, saúde e outros sociais complementares à habitação.

quarta-feira, 4 de maio de 2011

DUPLO M IMOVEIS

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CAIXA PREVE 1 BILHÃO PARA HABITAÇÃO EM 2011

odiario / PR,  Vinícius Carvalho

Janeiro é considerado um mês de pouco movimento na maioria dos segmentos comerciais, mas a Caixa Econômica Federal conseguiu financiar 1.765 unidades habitacionais nos 131 municípios da regional Maringá. O valor dos financiamentos no primeiro mês do ano foi de R$ 47,4 milhões.
O bom começo mostra que o mercado regional não perdeu o fôlego do ano passado, quando foram financiados R$ 710 milhões em imóveis. Se o ritmo for mantido, a Superintendência Regional Noroeste poderá alcançar a meta para 2011.

"Queremos chegar a R$ 1 bilhão liberados em financiamentos", afirma o superintendente da Regional Noroeste, Fábio Carnelós. "Não temos um limite de recursos para aplicar em habitação e temos certeza que Maringá e região comporta o montante que prevemos", acrescenta.

Em 2010, o crédito liberado cresceu 67% sobre o valor financiado em 2009. O resultado é dez pontos porcentuais acima da média nacional, já que a Caixa registrou em todo o País incremento de 57% no ano passado. O crédito na região de Maringá passou de R$ 422 milhões em 2009 para R$ 710 milhões no ano seguinte.

Um crescimento de 40% em 2011 é suficiente para alcançar a meta de R$ 1 bilhão em habitação nos 131 municípios. A Caixa detém 70% do mercado nacional de habitação e 93% no segmento habitação de interesse popular, com 935 mil unidades construídas no ano passado.

Carnelós afirma que não há indicativo de que a atividade econômica no segmento vá desacelerar em 2011. "Enquanto houver déficit habitacional haverá procura por imóvel. No atual modelo de financiamento, a vantagem é que a prestação muitas vezes é inferior ao valor mensal do aluguel", compara.

De acordo com o gerente regional de construção civil da Caixa, Paulo Pereira Marinho, a faixa de valor mais procurado em Maringá e região é de imóveis entre R$ 100 mil e R$ 200 mil. "Há muita procura por imóveis com preço abaixo de R$ 100 mil, mas nessa faixa simplesmente não se encontra unidade em Maringá", diz Marinho.

Mais de 90% dos financiamentos são para moradia própria e o restante para aluguel ou especulação. "O que as pessoas mais querem é se livrar do aluguel", comenta Marinho.

Com o preço elevado do imóvel em Maringá, a procura aumenta nos municípios da região metropolitana. Os destaques são Mandaguaçu e Marialva, que oferecem boa infraestrutura, contam com terrenos baratos para os padrões maringaenses e são atendidos por um eficiente aparato de transporte para o município polo.

Neste ano, Mandaguaçu terá um empreendimento com 200 apartamentos. Em Sarandi, financiamentos já assinados na Caixa resultarão em mais 200 unidades. No total, a superintendência tem hoje 100 empreendimentos sob análise nos 131 municípios da região, que representam 8 mil unidades habitacionais. "Loteamentos estão sendo lançados em Marialva, Iguatemi, Mandaguaçu, Mandaguari e em outros municípios", afirma Carnelós.

Asfalto

Os imóveis do programa federal Minha Casa, Minha Vida responderam por R$ 345 milhões dos R$ 710 milhões liberados em habitação na região de Maringá no ano passado.

Para 2011, a única mudança nas regras do programa é a exigência que o imóvel esteja em regiões asfaltadas. A superintendência acredita que a nova regra pode pesar apenas para quem financia individualmente, tentando comprar imóveis fora de loteamentos.

"Todos os empreendimentos que aprovamos já tinham a exigência não apenas de asfalto, mas infraestrutura completa, inclusive aquecimento solar", afirma Marinho.

Saiba mais
O Programa Minha Casa, Minha Vida – direcionado para pessoas com renda de até R$ 4,9 mil mensais - oferece subsídios entre R$ 8 mil e R$ 23 mil para as classes de menor renda. Financia imóveis de até R$ 130 mil na região metropolitana de Maringá. Os juros variam de 4,5% a 10,5% ao ano, de acordo com a faixa de renda, tempo de contribuição do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e adesão a produtos da Caixa.

segunda-feira, 2 de maio de 2011

CONSTRUTORAS PARTEM PARA VENDA DE RECEBIVEIS

Valor Econômico, Daniela D'Ambrosio e Carolina Mand
Emissão de CRI é alternativa para financiar novas obras

As construtoras já começam a se preparar para uma possível escassez de recursos da poupança - mola propulsora do financiamento imobiliário. Em estágios diferentes, como alternativa para financiar as obras, todas as grandes incorporadoras começam a vender a investidores os contratos de financiamento de imóveis que carregam. São volumes bilionários que até agora ficavam guardados rendendo juros às empresas. Essa venda a investidores para captar recursos se dá por meio dos chamados CRIs (certificados de recebíveis imobiliários), papéis resultantes do "empacotamento" de contratos de crédito imobiliário e que prometem alcançar grandes volumes no país.

Apenas neste ano, PDG, Cyrela, Brookfield, MRV e Rossi já financiaram a construção de mais de R$ 1 bilhão em apartamentos com a venda desses papéis.

Dado que o volume de poupança cresce a uma taxa de 22% ao ano, e o crédito imobiliário, a cerca de 35% (a conta pode chegar a 39% incluindo os próprios recebíveis imobiliários e FGTS), analistas do setor acreditam que os recursos possam acabar entre 2012 e 2014. Nova modalidade no Brasil como alternativa de financiamento, a venda de recebíveis imobiliários vem crescendo. No ano passado, foram emitidos R$ 7,3 bilhões em papéis, maior volume já emitido em um ano. Só que, até aqui, a maior parte dos certificados vinha sendo emitida para financiar projetos comerciais ou industriais, não residenciais. "Estamos fazendo e testando o mercado, tenho certeza que em três ou, no máximo, cinco anos, a solução de financiamento para o mercado imobiliário passa pela securitização", afirma Michel Wurman, diretor financeiro da PDG, maior emissora do setor, com R$ 780 milhões em 2010 e previsão de mais de R$ 1 bilhão neste ano.

"As incorporadoras não precisam fazer papel de banco, financiando o cliente, até porque a atividade delas é muito mais rentável", diz Marcelo Michaluá, sócio-diretor da securitizadora RB Capital. "Quero me preocupar com o meu negócio e não em ter que fazer a gestão de recebíveis", diz Wurman. A PDG usa os papéis para financiar obras de apartamentos acima de R$ 500 mil, que não são elegíveis ao financiamento tradicional, do Sistema Financeiro de Habitação.

Em outras incorporadoras, porém, os CRIs já surgem como alternativa ao próprio financiamento à produção com recursos da poupança e às debêntures. Com um custo médio de 13,3% ao ano, ainda são mais caros do que o financiamento tradicional - que geralmente custa TR mais 9,5% a 10,5% (cerca de 10,6%) - mas o dinheiro é recebido de uma só vez.

Apesar do custo, trazem mais exigências. Para contratar o financiamento tradicional, a construtora precisa de um percentual mínimo de vendas em torno de 20% e a obra precisa ter avançado pelo menos 15% para que o banco conceda o crédito. O dinheiro é depositado à medida que a obra avança. "É uma forma mais flexível do que os financiamento do SFH porque segue as regras do mercado de capitais", afirma João Paulo Pacífico, sócio da Gaia.

Outra vantagem está no fato de os papéis não entrarem no balanço como dívida - o que faz diferença em um setor bastante alavancado. Hoje, a principal fonte de financiamento do setor é o SFH (40%), seguido pelas debêntures (32%) e pelo capital de giro (23%), uma realidade que tende a mudar com os CRIs.

"É um produto novo, substituto para a poupança, que precisa ser testado, apesar do custo mais caro", afirma Leonardo Correa, diretor financeiro e de relações com investidores da MRV. Mesmo com foco na baixa renda e mais de 80% das vendas no Minha Casa, Minha Vida, a empresa fez, neste ano, sua primeira emissão, no valor de R$ 240 milhões. "Preciso estar preparado quando for uma fonte alternativa de financiamento", diz.

Com relação às debêntures, cujo custo gira em torno de 14% ao ano, os CRI são mais baratos. Isso porque uma pessoa física que compra um certificado de recebível é isenta de Imposto de Renda. Com isso, as empresas podem pagar uma remuneração menor aos investidores. Emissões de debêntures, por exemplo, além do imposto, também acabam sendo compradas por investidores institucionais, como fundos de pensão, que pedem taxas mais robustas. No CRI, porém, o dinheiro é "carimbado" para um determinado empreendimento, tem destino certo.

As construtoras estão testando um novo modelo de recebível, lançando mão de uma engenharia financeira. Em um papel tradicional, o aplicador compraria um papel que tem como lastro uma carteira de recebíveis imobiliários originados em centenas ou até milhares de contratos de financiamento habitacional. Nessa nova versão de CRI, compra-se um papel que tem como lastro uma dívida que a incorporadora fez com o banco, como uma debênture ou uma cédula de crédito bancário para financiar a construção de novos prédios. "Estruturalmente, fica muito mais simples", diz Wurman, da PDG, empresa que ajudou a criar o modelo. Alguns desses CRI têm como garantia adicional um pacote de recebíveis imobiliários - se a empresa quebrar, o investidor fica com o fluxo de recebíveis.

Essa nova formatação tem como motivo principal a dificuldade que as incorporadoras estão encontrando em reunir um conjunto de contratos de financiamento que tenham características similares de prazo, risco e fluxo de pagamento. Além disso, o apetite dos investidores ainda não bate com o prazo dos financiamentos imobiliários, de dezenas de anos. Por isso, essas novas emissões de CRIs podem vencer antecipadamente em três anos. É uma opção de repactuamento que há nos papéis.

"As pessoas buscam papéis isentos de Imposto de Renda e que, ao mesmo tempo, tenham vencimento em até três anos. É muito difícil formatar isso com recebíveis imobiliários tradicionais", diz o executivo da área de renda fixa de um banco de investimento. Em 2008, as construtoras tinham R$ 2 bilhões em recebíveis performados (apartamentos entregues). Em 2009, o número chegou a R$ 3,1 bilhões e, em 2010, a R$ 5,53 bilhões. Em dois anos, o salto foi de 176%.
CRÉDITO: VALOR ECONOMICO

FEBRE DA BAIXA RENDA ESFRIA NA CONSTRUÇÃO CIVIL

A febre da baixa renda esfriou no setor de construção civil. Para analistas que acompanham as ações das construtoras, dificuldades na aprovação de novos projetos, alta de custos e da competição estão fazendo com que as empresas e o próprio mercado revejam para baixo as expectativas para os lançamentos do "Minha Casa, Minha Vida".

As empresas também seguraram os lançamentos à espera do governo. A segunda etapa do programa de baixa renda foi oficializada em 02 de fevereiro e a operacionalização no simulador da Caixa Econômica Federal (CEF) ocorreu em 3 de março. Esses fatos levaram algumas empresas a adiar alguns lançamentos até a definição exata sobre elegibilidade de suas unidades, em função das localizações e dos respectivos preços de vendas.

Integradas são as que mais mudam

O resfriamento acontece sobretudo nas companhias conhecidas como integradas, ou seja, que não tinham foco total nos apartamentos mais baratos. "As empresas estão mostrando muito menos entusiasmo ou dependência dos projetos de baixa renda, já que a maior parte do crescimento e do ganho de rentabilidade está vindo de segmentos menos dependentes do orçamento governamental e com menores barreiras de entrada", dizem os analistas do Barclays Capital em relatório.

No trabalho, os especialistas contam que os balanços das empresas no quarto trimestre mostraram que, com exceção da MRV, o programa do governo não representou mais que 20% dos lançamentos de qualquer empresa. A MRV, junto com a Direcional e a Rodobens, é focada em baixa renda. Em alguns casos, a fatia chegou a 15%.

As prévias operacionais do primeito trimestre de 2011 mostram novas reduções. Das sete empresas com maior fatira de baixa renda, apenas duas – Rodobens e Cyrela – elevaram os lançamentos de até R$ 170 mil. MRV, Direcional, PDG, Rodobens, Rossi e Gafisa diminuíram (veja gráfico ao final do texto).

Segundo o Barclays, a rentabilidade no segmento caiu significativamente, com os subsídios do governo sendo engolidos pelo alto preço dos terrenos. Além disso, as empresas estão descobrindo no segmento de renda média filões mais rentáveis e menos desafiadores do ponto de vista da execução.

Ajustando expectativas

A movimentação não significa que os especialistas estejam com visão negativa dessa indústria, ou acreditem em queda de resultados, mas indica um ajuste às expectativas. "No lançamento do Minha Casa, Minha Vida, muita gente se animou e esperou alta rentabilidade", disse Flavio Conde, analista do Banif Investment. "Mas, com o crescimento do país e do próprio setor de construção, a competição se acirrou, os terrenos ficaram mais caros e os custos subiram."

Os especialistas lembram que, em 2007, os lançamentos em geral na construção civil brasileira cresceram com muita força, num aumento de 50% sobre o ano anterior. Desde então houve redução, mas o ritmo continuou alto, com expansão entre 15% e 30%, dependendo da empresa, em 2010. Para 2011, os aumentos esperados ficam em torno de 15% e 20%.

O resultado foi uma elevação no preço dos terrenos, com a competição desenfreada pelas oportunidades, e uma conseqüente redução das margens. "A rentabilidade cai porque o programa do governo tem um teto para o valor do imóvel, o que torna impossível o repasse desse aumento de custo para o produto final", diz Eduardo Silveira, analista da Fator Corretora.

O teto para imóveis localizados nas regiões metropolitanas de São Paulo, Rio de Janeiro e Distrito Federal passou de R$ 130 mil para R$ 170 mil no começo de 2011. Nas demais capitais, o valor máximo do imóvel dentro do programa foi elevado de R$ 100 mil para R$ 150 mil.

Essa situação abre espaço para quem trabalha com renda média e média baixa. "São as pessoas que compram para morar, não para investir, e topam pagar mais. Nesses casos, as empresas conseguem repassar a alta de custos", diz Conde. Segundo Silveira, da Fator, as empresas Tecnisa, Brookfield, Even, EZtec e Helbor têm 80% dos lançamentos concentrados na média renda.

Mão-de-obra mais cara

Outro aumento de custo, lembram os especialistas, está ligado ao próprio crescimento do país nos últimos anos: a mão-de-obra ficou cara. "Essa elevação pressiona sobretudo o resultado de quem contrata muito, de quem é muito grande", conta Conde, do Banif. "Companhias menores, como Even e EZtec, conseguiram manter suas margens no quarto trimestre e crescem acima da média", diz. "Custa muito menos ter 20 obras em São Paulo do que 150 no Brasil."

As expectativas com ganhos do programa do governo também fizeram com que muita gente entrasse de cabeça em um segmento que não conhecia. "Muitos pagaram mais para entrar em um setor no qual não tinham experiência, e que descobriram ser mais difícil que o imaginado", afirmou Silveira. Foi o caso, diz ele, da Cyrela, que chegou a projetar ter 50% de seus lançamentos na baixa renda. Acabou reduzindo para 30% do total. "A única que cumpriu o prometido foi a Rossi, que tem 80% dos lançamentos destinados à baixa renda e possui mais know-how no segmento", afirmou.

"O primeiro semestre do ano será muito mais positivo para as empresas integradas e que operam com mais força na média renda", acredita Silveira.

Cai fatia de lançamentos populares nas construtoras

Das empresas com maior participação na baixa renda, apenas duas elevaram a fatia entre trimestres (%)
relatórios das empresas (Minha Casa Minha Vida, ou lançamentos de até R$ 130 mil no 4o trimestre ou R$ 170 mil no 1º trimestre)